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O amadorismo no começo


Depois das decisões tomadas no pós-Copa da Itália (“Motivação Inicial”), decidi realizar uma Copa América, um Campeonato Paulista, uma Copa do Brasil e um Campeonato Brasileiro.

Baseado em uma revista Placar, consegui fazer uma tabela de grupos para a Copa América, enquanto o Paulista e a Copa do Brasil tiveram tabelas em mata-mata e o Brasileirão tinha dois grupos, com quatro times cada (ou seja, apenas oito participantes).

Os jogos eram disputados quando eu estava em casa sem nada da escola (ou outra coisa) para fazer, e fora do meio-período em que eu trabalhava.

Os títulos obtidos no Paulista e no Brasileiro e o vice na Copa América (na Copa do Brasil fui eliminado precocemente...) me deixaram duas certezas: a primeira é que aquilo era divertido demais e devia continuar, e a segunda é que eu precisava subir o nível de dificuldade do game para não ser tão “comum” eu sair campeão.
                            
Com a primeira “temporada” tendo sido um sucesso, foi automático continuar a fazer as seguintes, ainda que todas elas tivessem Copa América e Copa do Mundo além dos torneios de clubes.

Em 1991 no entanto, no futebol de verdade, os dois times mais populares do Brasil estavam na Libertadores, e a mídia carregou na cobertura do torneio que, acredite, naquela época sequer era transmitido pelas principais redes de TV... aliás, para quem viveu aquela fase, sabe que até os Estaduais eram mais cobiçados pelos clubes que os torneios internacionais.

Enfim, com a cobertura dos jornais em cima da Libertadores, eu “descobri” a competição internacional, e também o que era preciso para um clube disputa-la, e, evidentemente, um novo universo de possibilidades se descortinou para mim.

Como eu já havia realizado umas quatro “temporadas” no meu universo paralelo do videogame, resolvi retroagir as Libertadores e as Copas dos Campeões (atual Champions League) para ter a hierarquia correta de competições. Assim, parei por um tempo com os Brasileirões e demais torneios nacionais e fiz as competições continentais que havia deixado em aberto, respeitando as participações brasileiras conforme os resultados que eu tinha obtido, ou seja, o meu campeão brasileiro da minha primeira “temporada” jogou a Libertadores da minha segunda “temporada” e assim por diante.

Claro que eu só conhecia os poucos times que os jornais e revistas citavam nominalmente na sua cobertura de esportes, então as competições eram bastante enxutas e as fases de grupo (jogadas em um turno único) desembocavam diretamente em semi-finais, por exemplo. Mas o importante era construir aquele universo de jeito que eu pudesse jogar os torneios, e participar se fosse o caso dos continentais.

Lembrando que pelo game da época não ter times, mas apenas seleções, eu tinha que “fingir” que a Alemanha era o Boca Juniors, a Argentina era o Peñarol e assim por diante.

No começo de 1992 mais duas modificações nas minhas “temporadas”: a partir das notícias que eu vi em Dezembro sobre a decisão em Tóquio do Mundial Interclubes de 1991 e que haviam me deixado maravilhado por saber de que todo ano um time se sagrava campeão do mundo, eu vi que precisava ter meu próprio Mundial.


Ainda naquele começo de 1992 eu descobri a Eurocopa – me lembro que, posteriormente, no meio do ano, o nosso assombro foi principalmente com a qualidade dos gramados suecos, em comparação com a verdadeira várzea que eram os gramados aqui do Brasil. Nada mais justo do que incluir uma Euro nas minhas “temporadas”, portanto.

Logo, eu tinha duas modificações a fazer e precisava implementá-las de forma retroativa, pois eu já estava com mais de dez “ciclos” (ou “temporadas”) jogadas então pensei em mais uma vez parar tudo e realizar os torneios não jogados de forma retroativa, ou seja, o primeiro Mundial que seria jogado teria os campeões da primeira Libertadores e primeira Copa dos Campeões que eu tinha feito (tive que voltar e olhar as anotações do caderno), e assim por diante.

Pois bem, fui fazer o primeiro Mundial entre Boca e Ajax e com 1x0 o time argentino foi campeão (usei as seleções da Holanda e da Argentina para simular o duelo). E fim de jogo e de torneio.

Tendo achado aquilo muito “fraquinho” em termos de competição, ou seja, um torneio que eu fazia apenas um jogo e o mesmo já acabava (afinal, eu queria jogar a maior quantidade de jogos possível), me frustrei ainda mais porque como usava o caderno para fazer as tabelas dos torneios, e cada torneio ocupava uma folha, achei um absurdo que o Mundial tivesse apenas duas linhas usadas (o título e, abaixo, a tabela propriamente dita do jogo) e implicasse em “perder” uma folha completa, totalmente em branco.

Sem poder lidar adequadamente com aquele desperdício criminoso de folhas de caderno, já que a folha em branco ativava meu “meio TOC” (sei que não é TOC, mas sempre tive um incômodo razoável com o que fugia da simetria, e a folha em branco em meio às outras preenchidas se enquadrava nisso), decidi incluir mais times no Mundial.

Assim, lá em 1992, muito antes da FIFA de verdade pensar no mundial dela, eu incluí times de outros continentes no meu Mundial (apenas para jogar mais vezes e justificar o uso da folha do caderno, é verdade, mas o que vale é o resultado final). Depois de uma pesquisa intensa no Almanaque Abril (usei o da Biblioteca da escola, mas achei tão incrível aquela mini-enciclopédia em um volume único que comprei um pra mim depois) e na BARSA, além de edições antigas da Placar, descobri times da África, Ásia e até da Oceania, e aumentei meu Mundial.

O primeiro time não europeu nem sul-americano a jogar a final dos meus mundiais foi o América do México (lembrem-se que eu usava as seleções para simular os times, logo, as europeias e sul-americanas eram as mais fortes).

Depois de ter realizado os Mundiais “retroativos”, e alcançado a última “temporada” que eu tinha realizado por completo, era chegada a hora de voltar a jogar meus “ciclos” inteiros, desta vez com todos os torneios criados.

Mas...

As pesquisas por times de outros continentes me revelaram os outros torneios continentais existentes no “mundo real”, como a SuperCopa dos Campeões da Libertadores e a Copa da UEFA (atual Europa League). E aquilo não me saía da cabeça enquanto eu fazia meus Mundiais das “temporadas” passadas.

Além disso, mesmo com mais times, eu ficava pensando em como um Mundial com mais europeus e sul-americanos seria legal, afinal, melhor seria jogar contra Milan, Nápoli, Bayern de Munique, Ajax e Porto do que contra times da Oceania e África, que pra mim não significavam nada a não ser nomes em uma tabela.

Ou seja, mais uma vez, eu havia antevisto o cenário real do futebol, que agora, atualmente (2020), vê a FIFA implementando o Mundial de Clubes a cada 4 anos com vários europeus e sul-americanos.

Mas, voltando a 1992... para não “apagar” os mundiais que eu tinha jogado, e ao mesmo tempo jogá-los de novo com mais times (lembre-se... eu queria era jogar o máximo possível), resolvi criar um SuperMundial, com 16 times, que não seria realizado toda “temporada”, para não competir com o Mundial “tradicional”. Mas para isso era necessário voltar novamente ao início de tudo, ver os times que deveriam disputa-lo, e isso me mostrou que o caderno que eu usava para as tabelas estava absolutamente fora de ordem, pois era um caderno universitário que meu tio tinha me dado, e algumas “matérias” livres eu usava para as tabelas, e outras não (as que tinha conteúdo do curso que ele tinha feito), sem uma sequência lógica. Além disso, mesmo dentro de uma mesma matéria, haviam “ciclos” incompletos, pois o Mundial havia sido implementado depois...

E agora?

Obviamente, era necessário me organizar melhor e ajustar meu hobby ao que eu queria.

Comprei então um caderno novo, só para aquilo, e me preparei adequadamente para a “Nova Era” que se iniciava.